Chuva ácida no Paraná não deve ser prejudicial às pessoas

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Paraná | 28/09/2017 | 09:36

Informações e foto: Gazeta do Povo

A estiagem prolongada que castiga o Paraná há um mês fez a Defesa Civil do Estado recomendar cuidados com as próximas chuvas, que poderiam vir em forma de chuva ácida.

Segundo o órgão, as primeiras precipitações depois deste período seco podem carregar uma concentração maior de poluição (poeira e poluentes). Isso aumentaria a acidez da chuva e poderia seria prejudicial a peles mais sensíveis, principalmente a das crianças. “Não se sabe se isso acarreta algum risco. A quantidade de poluentes não indica, necessariamente, um risco para a população. O alerta foi mais uma dica de precaução para pessoas que eventualmente tenham uma sensibilidade maior”, diz Marcos Vidal, tenente da Defesa Civil.

De acordo com a professora da USP Adalgiza Fornaro, que estuda poluição do ar e química da atmosfera no Departamento de Ciências Atmosféricas, a recomendação não faz sentido. “Não há qualquer estudo que aponte que a água da chuva possa apresentar qualquer risco para as pessoas”, diz.

Fornaro explica que os primeiros momentos de chuva seriam suficientes para “limpar” quaisquer poluentes que estejam concentrados no ar e que a hipótese de uma chuva ácida que pudesse representar algum risco para as pessoas só poderia ocorrer em um cenário de poluição extrema. “Se você tivesse um ar poluído a ponto de fazer mal para a pele, as pessoas estariam com problemas muito mais graves antes de qualquer chuva”, diz.

A médica dermatologista Fabiane Mulinari Brenner, professora de Dermatologia da UFPR, reforça o efeito, na maior parte das vezes, inofensivo da chuva ácida. “A pessoa com uma pele normal não vai sofrer. Quem tem uma dermatite, principalmente a dermatite atópica, pode ter uma irritação. Mas apenas se entrar em contato com a chuva, deixar a chuva na pele ou emergir a pele na água por um tempo”, explica a médica que também faz parte do quadro clínico do Hospital de Clínicas/UFPR.

A irritação que pode surgir, segundo a médica, é inespecífica e muito comum entre quem sofre de dermatite atópica. “Em geral esses pacientes sabem que são sensíveis e a irritação pode surgir por outros fatores, não pela chuva. Eles são sensíveis a mudanças na temperatura, poeira, pelo de animal, transpiração excessiva, sabões abrasivos, entre outros fatores. Isso gera uma vermelhidão e descamação da pele”, reforça a especialista.

Haverá chuva ácida mesmo?

O alerta da Defesa Civil não prevê a chuva ácida, conforme explica Marcos Vidal, tenente da Defesa Civil. “Fazemos a recomendação para que a população evite as primeiras chuvas depois da estiagem porque elas têm uma quantidade maior de poeira e poluentes”, explica.

O monóxido de carbono e o óxido de nitrogênio, segundo Vidal, seriam algumas das substâncias que teriam uma maior concentração quando as chuvas finalmente começarem – previstas para tarde ou noite de quinta-feira (28).