Ex-prefeito de Chapecó e ex-dirigentes da Chape são denunciados por desvio de recursos públicos em 2010

Esporte
Chapecó (SC) | 11/12/2019 | 07:49

Informações: G1SC
Foto: Chapecoense

O Ministério Público de Santa Catarina tornou réu oito pessoas acusadas de desviar  recursos públicos do município de Chapecó (SC) para a Chapecoense. Os recursos deveriam ser destinados a esportes amadores da cidade e foram repassadas ao clube por meio de uma associação. O valor de R$ 450 mil deveria ser destinado a equipes amadoras da agremiação, como categorias de base.

De acordo com a denúncia, o prefeito da época sancionou a lei 5.718/2009, que criou a Associação dos Atletas e Colaboradores da ACF e permitiu o repasse de recursos. Ainda segundo a denúncia, o valor foi utilizado no futebol profissional, o que fere a legislação.

No início do mês, o juiz Rogério Carlos Demarchi, titular da 1ª Vara da Fazenda Pública da comarca de Chapecó, determinou a citação dos envolvidos, entre eles João Rodrigues e Ivan Carlos Agnoletto, respectivamente prefeito e secretário municipal da época, além de dirigentes e colaboradores da Chapecoense. Os réus devem apresentar defesa em 15 dias a partir da notificação. Segundo a ação, para tornar os envolvidos réus, não foi avaliado a intenção de cometer o ilícito.

O que dizem os envolvidos

Chapecoense: "Associação Chapecoense de Futebol e demais dirigentes citados em matéria-informativo vinculados em órgãos de imprensa e redes sociais vem explicitar que exercerá seu direito de defesa quanto a alegação de ato de improbidade administrativa supostamente cometidos pelo repasse de valores advindos da administração pública, sobretudo por ter inexistido qualquer vantagem econômica dos mesmos ou prejuízos acusados ao erário público."

Ivan Tozzo, atual presidente de honra do clube: "A gente não sabia que o dinheiro era só para o futebol amador. Fomos notificados em 2014, 2015. Fizemos uma reunião com o Sandro (Pallaoro) e devolvemos o dinheiro para a prefeitura. Depositamos novamente. Demos depoimento e achamos que estava acabado. Agora surgiu novamente. Temos que nos defender. A prefeitura recebeu o dinheiro de volta, temos os comprovantes e foi lançado na contabilidade."

Ivan Carlos Agnoletto, ex-secretário de esportes: "O repasse foi legal. Com lei e passando pela Câmara. O erro foi da Chape na aplicação de parte do dinheiro. Não acredito em má fé da Chape, e sim erro na hora de aplicar o dinheiro. Dos R$ 450 mil, em dez parcelas mensais, R$ 106 foram usados de forma errada. A entidade reconheceu que foi usado de forma errada e devolveu o dinheiro. O montante final ficou em R$ 211 mil, porque houve cálculo de juros e correção monetária. A Chapecoense reconheceu o erro, devolveu, e me causa surpresa esta ação. Tudo foi feito dentro da lei, de forma correta. Imaginava o caso como encerrado, porque o prejuízo causado pela aplicação errado foi devolvido aos cofres públicos."

João Rodrigues, ex-prefeito de Chapecó: "Assinei o convênio, autorizamos a liberação dos recursos com em muitas modalidades. Cabia à Associação dos Ex-atletas prestar contas e a prestação de contas foi equivocada por parte deles. Segundo informação dos autos, houve inconformidade em parte dos recursos aplicados pela associação. A Chapecoense teria usado parte dos recursos no futebol profissional. tanto é verdade que o presidente da época, o Sandro Pallaoro, ao reconhecer, fez a devolução do dinheiro. Depositou em conta judicial que está à disposição do poder público. Cabe à associação à Chapecoense prestar contas, a prefeitura é repassadora. Quanto à entidade citada, ela não era fictícia, tinha mutis anos de atividade. O convênio era firmado come la porque não era possível ter convênio com futebol profissional para repasse de dinheiro. Era por isso com a associação de ex-atletas que cobria despesa do esporte amador, categorias de base e outras atividades do esporte amador. Muito tranquilo. Acreditamos na boa justiça. A Chapecoense já reconheceu o erro e devolveu o dinheiro. O problema está sanado desde 2015. Fiquei surpreso que veio agora. da parte da prefeitura é assinar o convênio e liberar o recurso, mas a prestação de contas é a entidade que tem que fazer se se está certo ou errado é a entidade que tem que responder."

Cleimar Spessato, ex-dirigente: Quando o dinheiro foi emprestado eu ainda não era o presidente. Independente disso, o Sandro (Pallaoro) devolveu o dinheiro quando houve uma notificação. Viram a diferença e devolveram."

Nei Roque Mohr, ex-dirigente: "Isso já foi lá para trás. Nem estava mais lá. Já tinha saído. Foi de julho ou agosto. Estava fora do clube, eu saí em maio. Mas foi citado de 2008 a 2010. O pessoal fez uma prestação de contas de forma equivocada. Era para usar notas do amador, da base, do ônibus, e eles usaram do profissional. O que não pode. Foi um erro de acerto, de prestação de contas. Mas isso já foi acertado, o dinheiro foi devolvido. Só lamenta que ficam expondo o nome do cara, em uma situação que o cara tinha que pagar para estar ali."

Vanusa Pallaoro, viúva do ex-presidente Sandro Pallaoro: "Quando deu o processo eles resolveram ver tudo que tinha sido feito de errado, acho que eram notas do profissional, mas poderia ser apenas da base. procuraram desde os primeiros relatórios e fizeram um deposito judicial devolvendo esses valores. Foi um equívoco, não que tenha sido pego de má fé e nem usado para outra finalidade. Foi um erro na prestação de contas."

Luiz Alberto Pinto Crispim e Geraldo Santin não foram localizados pela reportagem do G1SC até a última atualização feita.