Prefeito de Florianópolis e mais 16 pessoas são indiciados pela Polícia Federal

Policial
Florianópolis (SC) | 08/12/2019 | 10:24

Informações e foto: G1SC

O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido, ex-filiado ao MDB), foi indiciado pela Polícia Federal (PF) de Brasília no inquérito referente à Operação Chabu, realizada em junho deste ano em Santa Catarina. O relatório final foi concluído na sexta-feira (6). Outras 16 pessoas também foram indiciadas no documento.

Conforme o relatório da PF, os suspeitos estão sendo indiciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, extorsão, contrabando e falso testemunho.

Um mandado de prisão temporária havia sido cumprido contra Gean Loureiro no dia 18 de junho durante a operação, que investiga uma suposta organização criminosa suspeita de atuar na violação do sigilo de operações policiais realizadas no estado catarinense. Na ocasião, o prefeito prestou depoimento e foi liberado horas depois. O inquérito segue em segredo de Justiça.

De acordo com a PF, Loureiro teria uma sala segura à prova de escuta, em seu gabinete, que teria sido montada com equipamentos de inteligência comprados pelo empresário José Augusto Alves, um dos outros 16 indiciados. Na manhã deste sábado (7), o prefeito recebeu jornalistas e negou a existência desta sala segura.

Em nota, o prefeito reafirmou inocência no caso. "Na peça [o relatório final], as mesmas conclusões distorcidas e confusas que já esclareci no dia da operação, apenas uma repetição de fatos com os mesmos indícios para tentar justificar a minha prisão ou afastamento do prefeito de uma capital", consta.

Ao todo, 30 mandados foram cumpridos em junho na operação, 23 de busca e apreensão e sete de prisão temporária, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre (RS).

Relatório

Conforme a PF, a investigação durou cerca de três anos e resultou em um relatório de aproximadamente 500 páginas. A investigação teria apontado que informações sigilosas a respeito de investigações policiais eram vazadas para políticos e empresários.

Em troca, segundo a PF, havia favorecimento em indicações de cargos públicos. Entre os indiciados, estão cinco policiais, sete empresários e cinco políticos.

Indiciados

Os suspeitos foram divididos em três núcleos de atuação: policial, empresarial e político.

Foram indiciados os policiais Francisco Wollinger Neto, ex-funcionário do Detran, e Marcelo Roberto Paiva Winter, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e os delegados da Polícia Federal Hélio Sant'anna e Silva Junior, Andre Luis Mendes da Silveira e Fernando Caeiron.

Também constam na lista os empresários Luciano da Cunha Teixeira, Cláudio Roberto Bocorny Salgado, Aguinaldo Peres Neto, Edson Silva, Edenir Silva, Cesar Caputo Guimarães e José Augusto Alves.

Além do prefeito Gean Loureiro, outros quatro políticos estão no relatório final: Constâncio Alberto Maciel; Luciano Veloso Lima; Alceu Pinto Oliveira Junior e Rommana Remor Marcelino.

Esquema investigado

O empresário José Augusto Alves é apontado pela PF como o epicentro do esquema. Segundo os investigadores, ele recebia informações sigilosas de operações antes de elas serem realizadas.

O delegado da PF, Fernando Caieron, e Marcelo Roberto Paiva Winter, da Polícia Rodoviária Federal, que atuava no Grupo de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), são apontados pela PF como os responsáveis por vazar essas informações.

Ainda de acordo com as investigações, a divisão das tarefas era feita conforme o nicho de atuação. De acordo com o inquérito, o núcleo político garantia vantagens como cargos públicos e contratações. Já os policiais, repassavam, de forma indevida, informações sigilosas.

Para a PF, os políticos se valiam da máquina pública ou membros da esfera policial na tentativa de garantia de impunidade.