Autor e foto: Angela Maria Curioletti/Portal Minutta
Em 2023, a comarca de São Lourenço do Oeste (SC), a qual abrange também os municípios de Novo Horizonte (SC) e Jupiá (SC), em comparação com outras comarcas de população proporcional, teve o segundo maior índice de violência doméstica contra a mulher em Santa Catarina. Foram 775 crimes registrados. Em 2025, até o momento, são 50 casos.
Esse dado triste e alarmante acendeu o alerta do Ministério Público e do Poder Judiciário da comarca que, juntos, criaram o projeto Violência Nunca Mais. Em seu segundo ano de criação, o projeto tem mostrado resultados positivos na comunidade.
De acordo com o promotor de Justiça Mateus Minuzzi Freire da Fontoura Gomes, “sempre se fala que a mulher tem que ser empoderada e fortalecida, e tudo isso é verdade, mas não podemos deixar só o peso nos ombros da mulher”. Ele diz que, com isso, os homens precisam ser responsabilizados e reconhecer suas falhas para que os erros não se repitam.
Conforme o promotor, os discursos dos réus são muitos parecidos. Então, o projeto visa reunir estes homens, em grupo, para trocas de experiências. “Acreditamos que se pode mudar a realidade”, diz ele, acrescentando que até o momento, não houve reincidência.
Acompanhamento
O segundo grupo começou a ser atendido no dia 17 de março com 12 pessoas. Flávia Sanagiotto, psicóloga e coordenadora do projeto, explica que são dez encontros ao todo e os participantes são obrigados a participar, pois faz parte da sentença de cada um.
Sobre os encontros, Flávia diz que o intuito é o autoconhecimento, onde se faz um resgate histórico no coletivo para que os agressores consigam se ver, se conhecer e entender o que estimula o ato agressivo. A profissional garante que, a maioria dos participantes, tem o estímulo da violência na questão cultural e também no uso abusivo de substâncias como droga e álcool. Junto a Flávia, neste ano há também dois estagiários que estudam psicologia.
Órgãos de segurança
O delegado da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCami) de São Lourenço do Oeste, Ricardo Melo, participou do segundo encontro, realizado na segunda-feira (24). Ele diz que a conversa é importante para quebrar alguns estereótipos do homem e incluí-los na discussão sobre violência doméstica.
Sobre os dados do município, o delegado diz que São Lourenço do Oeste tem uma rede muito articulada, com polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e assistência social. “Essa rede consegue que mais mulheres, mais vítimas, se sintam à vontade para denunciar. Aqui a gente consegue acolher mais mulheres, talvez por isso a gente tenha mais casos noticiados”, explica. Ele acrescenta que, considerando o número de habitantes de São Lourenço do Oeste, o fato de ter uma delegacia especializada, a DPCami, já é um grande ganho.
Denúncia
Os canais da polícia para denúncias de violência doméstica são:
* 188 e disque 100, do governo federal, de forma anônima
* 181 da Polícia Civil
* (48) 9 8844-0011 WhatsApp da Polícia Civil
* Delegacia virtual
* E 190 para situações de emergência.